A dissecção arterial é uma condição grave que pode levar ao acidente vascular cerebral (AVC), especialmente o tipo isquêmico. Esse problema ocorre quando há uma ruptura na camada interna de uma artéria, permitindo a entrada de sangue e formando um hematoma que pode obstruir o fluxo sanguíneo. Esse bloqueio pode reduzir ou interromper a circulação para o cérebro, resultando em um AVC.
O que é a Dissecção Arterial?
A dissecção arterial acontece quando a camada interna de uma artéria se rompe, permitindo que o sangue se infiltre entre as camadas da parede do vaso. Esse processo pode formar um hematoma que reduz o fluxo sanguíneo ou mesmo causa uma obstrução completa da artéria. Esse tipo de lesão pode ocorrer em diversas artérias do corpo, mas é particularmente preocupante quando afeta as artérias que irrigam o cérebro, como as artérias carótidas e vertebrais.
A dissecção pode ser espontânea ou traumática. No caso da dissecção espontânea, não há uma causa externa evidente, podendo estar associada a fatores genéticos ou doenças do tecido conjuntivo. Já a dissecção traumática pode ocorrer após lesões no pescoço, movimentos bruscos da cabeça ou traumas diretos. Independentemente da causa, essa condição pode levar a complicações severas, incluindo o AVC isquêmico.
O risco de dissecção arterial pode ser aumentado por fatores como hipertensão arterial, tabagismo, enxaquecas e distúrbios do tecido conjuntivo. Além disso, pessoas jovens e de meia-idade estão mais propensas a desenvolver essa condição, especialmente após traumas menores que afetam a região cervical.
Como a Dissecção Arterial Pode Causar um AVC Isquêmico?
O AVC isquêmico ocorre quando há uma interrupção no fluxo sanguíneo para o cérebro, resultando na falta de oxigênio e nutrientes para as células cerebrais. A dissecção arterial pode levar a esse tipo de AVC de duas formas principais: através da obstrução direta da artéria ou da formação de um trombo que pode se desprender e viajar até o cérebro.
Quando o hematoma formado pela dissecção cresce o suficiente para estreitar ou bloquear completamente a artéria, o sangue não consegue passar adequadamente, causando isquemia na região cerebral irrigada por aquele vaso. Essa redução do fluxo sanguíneo pode resultar em sintomas neurológicos, como fraqueza em um lado do corpo, dificuldade na fala e perda de coordenação.
Além disso, a dissecção arterial pode gerar trombos, que são coágulos de sangue formados dentro do vaso lesionado. Esses coágulos podem se soltar e serem transportados pela corrente sanguínea até artérias menores no cérebro, onde bloqueiam a circulação e causam o AVC isquêmico. Esse mecanismo é uma das principais razões pelas quais a dissecção arterial é considerada uma das causas mais comuns de AVC em pessoas jovens.
Sintomas da Dissecção Arterial
Os sintomas da dissecção arterial podem variar dependendo da artéria afetada e da gravidade do caso. No entanto, alguns sinais comuns podem indicar a presença dessa condição e exigir atenção médica imediata.
Um dos principais sintomas da dissecção da artéria carótida é a dor intensa na região do pescoço ou da cabeça, frequentemente descrita como uma dor latejante ou em queimação. Além disso, pacientes podem apresentar alterações na visão, como visão dupla ou perda parcial do campo visual.
Já a dissecção da artéria vertebral pode causar tontura, vertigem e dificuldade para coordenar os movimentos. Em ambos os casos, se a dissecção evoluir para um AVC, os sintomas podem incluir fraqueza ou paralisia em um lado do corpo, dificuldade para falar, perda de equilíbrio e alterações no nível de consciência.
Diagnóstico da Dissecção Arterial
O diagnóstico precoce da dissecção arterial é essencial para reduzir o risco de complicações graves, como o AVC. Para isso, os médicos utilizam exames de imagem que permitem visualizar as artérias e identificar possíveis lesões na parede do vaso.
A angiotomografia é um dos exames mais utilizados, pois combina a tomografia computadorizada com um contraste para obter imagens detalhadas dos vasos sanguíneos. Outro exame importante é a ressonância magnética com angiografia, que permite avaliar tanto a estrutura das artérias quanto o fluxo sanguíneo.
Além disso, o ultrassom com Doppler pode ser empregado para analisar o fluxo de sangue nas artérias do pescoço e identificar sinais de estreitamento ou obstrução. Em alguns casos, a arteriografia, um exame invasivo que utiliza um cateter para injetar contraste diretamente nas artérias, pode ser necessária para confirmar o diagnóstico.
Abordagens Terapêuticas e Prevenção
O tratamento da dissecção arterial tem como objetivo principal evitar complicações, como a progressão para um AVC. A abordagem pode variar de acordo com a gravidade da condição, a localização da dissecção e a presença de sintomas neurológicos.
Em muitos casos, são adotadas medidas para impedir a formação de trombos e melhorar o fluxo sanguíneo na artéria afetada. O monitoramento cuidadoso é essencial, e em algumas situações pode ser necessário um tratamento intervencionista para restaurar a circulação.
Nos casos mais graves, quando há um risco elevado de obstrução total da artéria ou quando a dissecção já causou um AVC, pode ser necessária a realização de procedimentos endovasculares. Esses procedimentos utilizam cateteres para inserir dispositivos que ajudam a estabilizar a artéria e evitar novas obstruções.
A prevenção da dissecção arterial envolve a adoção de hábitos saudáveis, como o controle da pressão arterial, a prática regular de exercícios físicos e a cessação do tabagismo. Além disso, pessoas com histórico de doenças do tecido conjuntivo ou enxaquecas devem realizar um acompanhamento médico regular para avaliar possíveis fatores de risco.
Considerações Finais
A dissecção arterial é uma condição séria que pode levar ao AVC isquêmico se não for diagnosticada e tratada precocemente. Ela ocorre quando há uma ruptura na camada interna da artéria, formando um hematoma que pode obstruir o fluxo sanguíneo ou gerar trombos que se deslocam até o cérebro.
O reconhecimento precoce dos sintomas, como dor no pescoço, tontura e déficits neurológicos, é fundamental para iniciar o tratamento e reduzir o risco de complicações. O diagnóstico é feito por exames de imagem, e o tratamento pode envolver desde acompanhamento clínico até procedimentos minimamente invasivos para restaurar a circulação.
A adoção de medidas preventivas, como o controle da pressão arterial e a manutenção de um estilo de vida saudável, pode reduzir o risco de dissecção arterial e suas consequências. Com a informação adequada e o acompanhamento médico correto, é possível minimizar os riscos e garantir uma melhor qualidade de vida.