O que é
De acordo com as classificações de tumores cerebrais da Organização Mundial da Saúde (OMS), os astrocitomas variam do grau 1 (mais benigno) ao grau 4 (mais maligno). Esta graduação é feita através da análise das células tumorais ao microscópio e pode ser complementada por análise genética (DNA das células tumorais) e molecular.
A maioria dos gliomas afeta pacientes com mais de 40 anos, exceto os de grau I que são mais comuns na população pediátrica.
Grau I
Astrocitoma Pilocitico é um tumor bem circunscrito e cresce lentamente. Mais comum no cerebelo, ou seja, a parte do cérebro localizada na parte de trás da cabeça. Não invade o cérebro circundante, portanto, quando ressecado completamente, é considerado curado e não requer quimioterapia ou radioterapia.
Xantoastrocitoma pleomórfico origina-se mais frequentemente nos lobos temporais e está comumente associado a convulsões. A cirurgia geralmente é curativa.
Grau II
Astrocitoma difuso é um tumor invasivo, portanto, não há separação nítida do cérebro com tumor e a cirurgia em si pode não ser suficiente para sua cura. A aparência do tecido é apenas moderadamente diferente de um cérebro normal, mas as células parecem anormais ao microscópio e ligeiramente aumentadas em número.
Grau III
Astrocitoma anaplásico é uma lesão com características mais agressivas, incluindo uma maior taxa de crescimento e invasão no tecido cérebral. Histologicamente, apresenta maior grau de anormalidades celulares e evidências de proliferação celular (mitoses), em comparação aos tumores de grau 2. A cirurgia nunca é considerada curativa para esses tumores e precisa ser seguida de radiação e quase sempre de quimioterapia.
Grau IV
O glioblastoma (GBM) é a forma mais maligna, agressiva e comum (60%) de astrocitomas. O GBM pode se apresentar como uma progressão maligna de um astrocitoma de grau inferior previamente existente (geralmente em 10% dos casos) ou originar-se diretamente como um tumor de grau 4 (90% dos casos). O primeiro cenário é mais comum em pacientes mais jovens, enquanto o último é mais comum após os 60 anos. Independentemente de sua apresentação, esse tumor é um câncer altamente agressivo, com invasão e destruição cerebrais pronunciadas e progressão muito rápida.
Quais as causas
As informações acerca das mutações genéticas que causam o desenvolvimento desse tipo de tumor ainda são muito escassas. O que se sabe é que o aparecimento do glioma pode ter algum tipo de correlação com o surgimento de síndromes neurológicas específicas, tal como a de Li-Fraumeni, Turcot, neurofibromatose e esclerose tuberosa.
Dentre as causas externas a exposição a radiações ionizantes tem sido associada ao aparecimento tardio de astrocitomas. Os indivíduos em risco particular são aqueles expostos à radioterapia terapêutica na região da cabeça e pescoço durante a infância (ou seja, para o tratamento de leucemias ou outros tumores cerebrais). O intervalo entre a exposição à radiação e o aparecimento do astrocitoma pode ser de 20 a 30 anos.
Sintomas
A manifestação de sintomas está relacionada com a localização cerebral do tumor. De forma geral o quadro clínico se apresenta por meio de cefaleia (dor de cabeça) persistente, mais intensa na parte da manha e pode acordar durante o sono.
Outro sintoma que pode se desenvolver, dependendo da localização do glioma, é o de visão comprometida. No caso, o paciente pode apresentar visão embaçada ou dupla.
Crianças que apresentam o tumor na região do cerebelo sofrem com instabilidade motora, desequilíbrio e irritabilidade constante.
Diagnóstico
A constatação da doença deve ser dada por um neurocirurgião. Durante a própria consulta, o especialista poderá se utilizar de alguns protocolos de avaliação da coordenação, sentidos e reflexos do paciente. Baseado nessa primeira análise, e nas queixas relatadas pelo paciente, o médico indica alguns exames de imagem. Os mais comuns são os de tomografia computadorizada e a ressonância magnética.
A principal função desses exames é identificar e localizar alguma massa ou lesão fora do usual. Comumente esse diagnóstico se dá na própria ressonância magnética.
Tratamento
A cirurgia é o primeiro passo para o tratamento dos gliomas, pois oferece dois benefícios importantes: ela obtém tecido tumoral para estabelecer um diagnóstico, oferece a possibilidade de remover o máximo de tumor com segurança para aliviar o efeito de massa, reduzir o inchaço e facilitar a resposta às terapias adjuvantes, quando indicadas. A decisão de realizar uma biópsia simples ou uma ressecção completa depende de vários fatores, mas principalmente da localização do tumor e das condições clínicas do paciente.
Terapia complementar ou adjuvante
Quimioterapia com TMZ: a temozolomida (TMZ) é um medicamento administrado por via oral que age modificando ligeiramente o DNA das células tumorais. Esse efeito no DNA desencadeia sua quebra e conseqüente morte da célula, a menos que os mecanismos de reparo do DNA substituam o dano. TMZ é agora um tratamento de primeira linha bem estabelecido para glioma de grau III e IV, e ocasionalmente também é usado para tumores de grau II (quando eles não são completamente ressecados na cirurgia ou se sua análise genética não for favorável). Os efeitos colaterais são bastante brandos, mas têm sido associados a anemia e fadiga.
Radioterapia: A radiação tem sido a base do tratamento dos gliomas nos últimos 50 anos e é extremamente eficaz, pelo menos nos primeiros meses após o tratamento. A radiação também atua danificando o DNA das células tumorais, induzindo assim a sua morte. Os efeitos colaterais são perda de cabelo local (geralmente temporária) e fadiga. Os efeitos colaterais de longo prazo são alterações cognitivas.